O primeiro dia da tão esperada viagem que norteia o Móbile na Metrópole começou com os alunos, ansiosos, chegando à escola às seis e meia da manhã. Apesar do horário, imaginar o que estava por vir nos deixou bastante animados. Os estudantes se reuniram em roteiros, esses quais seriam os mesmos para toda a viagem. Meu roteiro era o 4. Nessa manhã, também conhecemos os monitores e os professores que nos acompanhariam, e recebemos nossos cartões de metrô, que utilizamos para nos deslocar pela metrópole.
Para começarmos o mergulho para fora de nossa realidade (ilusória e bastante restrita- spoiler da viagem), caminhamos da Móbile até o Parque Ibirapuera, onde conhecemos o grupo musical Barbatuques. Em uma oficina de produção musical, desvendamos diversos sons que somos capazes de fazer com nosso corpo, e percebemos, já no início, o quão pouco nos conhecemos.
Depois, com o objetivo de nos afastarmos mais de onde vivemos e do que conhecemos (ou achávamos que conhecíamos), nos foi dado um destino: Parque da Juventude - Zona Norte. Criou-se em nós a primeira dúvida: como chegar lá? Ainda tímidos, evitamos perguntar a pessoas na rua, mas logo fomos nos abrindo e desconstruindo esse medo enraizado em nós sobre o desconhecido. Descobrimos que tínhamos de pegar um metrô e descer na estação Carandiru, e foi o que fizemos.
Chegando lá, pudemos perceber diferenças na região em que estávamos, em relação ao que estamos acostumados, como por exemplo um contingente maior de pessoas, sendo muitas delas trabalhadores - que trabalham na região ou que passam por ela para chegar a seu trabalho. No primeiro momento, já encontramos uma motorista de ônibus que, percebendo que não encontrávamos o parque, nos guiou até ele, muito gentilmente. No Parque da Juventude realizamos diversas atividades observatórias, que buscavam promover em nós uma maior compreensão daquilo que estava ao nosso redor.
Após as atividades, nos encaminhamos ao Museu Penitenciário Paulista, ao lado do parque, que ocupa o extinto Complexo Penitenciário do Carandiru, e aprofundamos nosso conhecimento sobre o evento do Massacre do Carandiru assim como o modo de funcionamento do Complexo na época de sua existência. Lá, conhecemos dois sobreviventes do massacre, que nos contaram todos os detalhes do evento e como eles estão hoje em dia, emocionando todos os integrantes do roteiro. Destaco o relato de Maurício Monteiro, que nos deixou sem palavras ao relatar a reviravolta que houve em sua vida.
Saindo do museu, fomos almoçar em um restaurante de culinária francesa, perto do centro da cidade, e pudemos com esse evento - e a partir de algumas reflexões - compreender a multiplicidade cultural existente no Brasil - um país que acolhe, em sua cultura, a cultura de muitas outras regiões.
Muito bem alimentados, e felizes com tudo o que estávamos passando, seguimos a viagem e nos direcionamos, caminhando, até a ocupação Capitão Salomão. Lá, reconhecemos o que significa uma ocupação, os processos e contextos que a envolvem, e a situação e origem das pessoas que a habitam a partir dos relatos de um de seus organizadores. Estar dentro de uma ocupação foi algo inesquecível para mim, visto a descoberta de algo novo que até então não fazia parte do meu imaginário, e permitindo, dentro de mim, o preenchimento de certas lacunas.
Ao anoitecer, nos encaminhamos ao hotel que nos acomodou durante a viagem. Tomamos banho, jantamos, e realizamos a última atividade do dia, que envolvia a realização de oficinas na Praça Roosevelt. Realizei a oficina de Sticker, com o incrível artista Enivo, que nos contou mais sobre sua profissão e sobre esse tipo de arte, e que nos ensinou a como realizar tal arte. Foi assim, explorando o mundo da arte e sua expressão em São Paulo, que terminou o primeiro dia. Voltamos ao hotel e dormimos.
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