Para o futuro, desejo permanecer e sensibilizar. Para antes de morrer. Para o futuro, porque é o único espaço do tempo restante para que isso seja efetivado. Mas apenas o futuro vivo, porque é para antes de morrer. Para tornar o futuro morto, um futuro vivo, para que esse antes de morrer seja infinito. Para que eu possa sentir e gerar sentimentos.
Essa vida. Nunca pensei em vivê-la. Não foi completamente planejada. Foi uma decisão relâmpago e ao acaso que nem sei como prosseguiu, nem sei como consegui tomar uma atitude tão rapidamente e com tanta certeza. Alguém de luz veio e me iluminou. Alguém de luz veio, tomou as rédeas por mim e, em pouco tempo, fez muito, fez o que faz com que hoje essa vida seja outra. Escrevo já longe. Já distante daquele que um dia fui.
Não vivia, não guardava memórias, não sentia. Uma parte de minha vida não registrada. Mas, por sorte, morri. Uma das muitas mortes que temos na vida, como descrito por Luiselli. Morri. Nasci. E encontrei, pela orelha, meus outros eus, que de mim viviam tão perto, mas tão longe. E eles viviam. Aliás, foi com eles que aprendi a viver.
E é por eles que hoje estou aqui. Me proporcionaram o que hoje é um processo de futuro morto em desconstrução. A essas pessoas, que já possuem um futuro vivo eterno, agradeço por me tocarem. Por me deixarem ter memórias. Por me deixarem viver. Por me mostrarem quem sou. Mostrarem o lugar do qual venho. E mostrarem que sou capaz de fazer aquilo que nunca quis fazer, ou que sempre fui proibido de fazer: sentir.
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