O dia 3 foi o mesmo para os 160 alunos, embora tenhamos tirado diferentes lições sobre ele. O dia começou logo cedo com a missão de chegar na Vila Maria Zélia (zona industrial de São Paulo). O trajeto foi relativamente longo, uma hora e pouquinho dentro do transporte até lá, porém com as conversas do grupo, o tempo pareceu correr.
Lá foi dito para nós que assistiríamos uma peça de teatro. Fomos divididos em 2 grandes grupos: o de homens e o de mulheres. A peça chamada Hysteria tratava da condição da mulher em 1981. Para mais informações, entre em nossa aba "Pesquisa" e encontre nossa resenha!
Depois disso, os professores lançaram o último desafio MNM: a realização de uma intervenção urbana em cada grupo. Como estávamos em grupos diferentes, temos 4 registros coletivos distintos sobre essa experiência.
Em seguida, fomos para o MAC (Museu de Arte Contemporânea) onde todos os grupos iam se reunir. Lá, cada grupo teve uma conversa com seus professores, que tentava descrever a experiência que tivemos na viagem. Olhávamos para o lado, nos olhos de nossos amigos, e vimos que agora, estávamos entendendo a mágica do projeto. Estávamos sentindo uma emoção completamente nova e inexplicável. Literalmente, todos nossos hormônios estavam correndo por nossas veias. Os mais variados possíveis. A partir de então, conseguimos entender o que tentavam descrever em palavras para nós. O que de fato eh impossivel. Qualquer mera tentativa de nos expressarmos para vocês eh pouco. Só temos a agradecer a todos os envolvidos por contribuir para a nossa formação, acadêmica, intelectual e pessoal. Cada passo contou para nos transformar como indivíduos. Esperamos que a partir de então, estejam de peito aberto para mergulhar de peito aberto em nosso tema, sem estereótipos, sem preconceitos, vamos tentar mostrar para vocês, uma outra vertente, pequena, do que é ser bombeiro na cidade de São Paulo.
Giovanna - O último dia começou parecido para todos os roteiros, fomos para a Vila Maria Zélia, uma antiga vila operária. Lá fomos divididos em um grupo de meninos e meninas, e os primeiros tiveram de entrar em um galpão antes das segundas. Ao entrarmos no galpão, vimos que todos os meninos estavam sentados em uma arquibancada, enquanto nós, meninas, tivemos de sentar ou em bancos, ou no chão. Não entendemos no começo, mas tudo foi fazendo sentido à medida que o tempo foi passando. Era um teatro. Um teatro um tanto quanto diferente, já que nós, meninas, participamos da peça. Esta, chamada: Hysteria, retrata a realidade das mulheres em 1931. Foi uma peça e tanto! Achei sensacional a proposta de, ao mesmo tempo que éramos espectadoras, participávamos da história. Além disso, conversamos depois com um dos diretores e foi muito legal!!
Depois da peça, nos separamos nos roteiros novamente e foi-se apresentado o desafio de fazermos uma intervenção urbana, já que como a cidade havia dado tanto para nós, estava na hora de darmos algo em troca. Nós discutimos muito, mas muito… Chegamos na ideia de uma intervenção e depois que nós almoçamos, mudamos a ideia completamente. Para a nossa intervenção, escrevemos em cartolinas grandes, frases que achamos que pudesse mudar algo no dia de alguém e escrevemos um texto para lermos ao longo da intervenção, compramos rosas e pensamos onde aplicaríamos a intervenção. Decidimos que o metrô seria um bom lugar, porém estava chovendo muito nessa hora, e o metrô começou a lotar. Tínhamos certeza de que não seríamos ouvidos lá. O tempo corria e decidimos pegar um ônibus para nosso próximo e último destino o MAC, Museu de Arte Contemporânea. Depois de alguns pontos em que o ônibus havia parado, mais pessoas entravam e aí começamos a ler nosso texto, com os cartazes abertos, grandes sorriso estampados em todos, e no final, entregamos as rosas. Uma senhora que estava sentada no ônibus desde o momento em que entramos nos deu uma espécie de feedback extremamente positivo sobre nossa intervenção, o que valeu muito!!!
Ao chegarmos no MAC, onde quase todos os grupos já estavam . Sentamos em uma roda e fizemos uma despedida. já nas primeiras palavras dos meus colegas, eu comecei a chorar. No fim veio a vez do Dani de dizer o que estava sentindo, como foi ficar conosco por três longos dias e eu sinceramente não podia ter escutado palavras tão bonitas e sensacionais quanto as que escutei… Foi maravilhoso…!!
Deixo agora um agradecimento mais do que especial e do fundo do meu coração para todos os integrantes do ROTEIRO 6, para o Dani, que mais sensacional, impossível, e para o Rubão!
Depois das despedidas em grupo, subimos para um auditório do MAC, já estava destruída, chorando muito… Três membros do grupo Barbatuques fizeram uma apresentação maravilhosa para todos nós, e depois fizemos uma despedida geral. Chorei mais que tudo nessa hora…
Então estava na hora de irmos embora… Fomos andando do MAC, que fica no Parque Ibirapuera, até a Móbile a pé. Chegando lá, liguei para a minha mãe e fui pegar minha mala. Estava com minha amiga, colega de quarto, sentei em um banco e voltei a chorar… Minha mãe chegou e comecei a me despedir de quem ainda estava na escola. Falei com alguns professores e coordenadores, me despedi deles e fui embora. No caminho para casa, não consegui parar de chorar e demorou um tempo até que eu conseguisse contar a minha família como havia sido essa viagem… Todas as palavras do mundo não são suficientes para descrever o que foi e o quanto significou e significa essa viagem para mim.
Deixo aqui outro agradecimento, a todos os professores, coordenadores e monitores que fizeram esse projeto acontecer, além de todos os 160 alunos, que sem eles, não haveria viagem.
Priscila - Assistindo a peça não consegui não me incomodar. Saber como as mulheres eram tratadas naquela época e ver tudo aquilo parecendo tão real me trouxe uma angústia que ainda não consigo explicar. Tão distante, mas tão próximo de nós que chega a causar um efeito que ninguém consegue explicar. Me diverti. Me angustiei. Sorri. Chorei. Refleti.
Após assistirmos à peça, nos reunimos novamente nos roteiros e discutimos um pouco sobre ela e as sensações que ela nos proporcionou. Recebemos, então, a proposta de intervenção: passar para a cidade algo que mais nos impactou, que mais nos marcou. A decisão unânime foi a de que as pessoas foram as que mais nos impactaram. Fizeram nos sentirmos acolhidos, fizeram nos sentirmos em casa. Para nossa intervenção decidimos fazer cartazes, pedindo abraços e convidando as pessoas a contarem uma história ou desabafarem. Decidimos que queríamos fazer na Paulista, um lugar movimentado e espaçoso. Fomos almoçar num restaurante árabe na Paulista. Depois nos dividimos, enquanto algumas meninas iam na papelaria comprar os cartazes e as canetas, o resto do grupo ficou esperando. Nos reencontramos e começamos a montar os cartazes. Tivemos a ideia de fazermos bilhetes para as pessoas, então escrevemos com canetas nos papéis e, conforme conversávamos com as pessoas, os dávamos os bilhetes. Foi um momento único e inesquecível. No caminho de volta, pegamos a maior chuva! Resultado: chegamos ensopados no nosso ponto de encontro final, o Museu de Arte Contemporânea de São Paulo. Sentamos, meditamos, respiramos e conversamos. A chuva no caminho e o Sol quando chegamos foi o nosso encerramento. Foi um resumo da viagem: acelerada e caótica, mas incrível. Um caminho longo e irregular, mas com um final incrível. Uma viagem cheia de surpresas, com uma mensagem mais que incrível por trás.
Percebemos que a viagem tinha acabado quando os Barbatuques apareceram novamente. Início e fim. Muito amor envolvido, muitas emoções, muita conexão.
Voltamos pelo mesmo caminho da ida, passando pelo Parque Ibirapuera. Início e fim. Chegamos na escola, pegamos nossas coisas e foi aí que nos tocamos que a viagem realmente havia acabado. Mas não foi o fim, foi apenas um começo (clichê, eu sei!!).
Se quiser saber mais sobre a Vila Maria Zélia, clique no link que segue:
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